sábado, 20 de outubro de 2007

Jobim sobre a Amazônia: "Esta terra tem dono"

SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (AM) - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, iniciou sua visita de uma semana aos pelotões de fronteira da Amazônia repetindo o discurso feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dias antes de embarcar para Nova York, quando avisou que não admitia intromissões nem palpites na forma como o Brasil preserva a Amazônia. "Esta terra tem dono", afirmou Jobim, em discurso, em São Gabriel da Cachoeira, ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que o acompanha na viagem.

De São Gabriel da Cachoeira, Jobim e a comitiva de cerca de 50 pessoas seguiram para Maturacá, na fronteira. No total, serão visitadas 20 lugares, sendo 12 deles postos de fronteira. Jobim pôs o uniforme de campanha. As mulheres da comitiva, camisetas camufladas, do Comando Militar da Amazônia. A ministra Dilma não quis a roupa de camuflagem, mas jogou nas costas uma mochila de 20 quilos, igual à que os soldados usam para andar na selva, com material para alimentação e sobrevivência.

Em Maturacá, Jobim foi e sua comitiva foram recebidos por índios ianomâmis. Em resposta a uma declaração da Organização das Nações Unidas (ONU), de que ações militares em terras indígenas devem ser restringidas, o ministro da Defesa disse que estas áreas são de usofruto dos índios, mas as terras são da União e como tal deve ser tratada, permitindo a presença de tropas militares na região.

Jobim aproveitou para dizer que já conversou com a ministra Dilma para que façam uma reunião completa para definir, em todo o País a forma pelo qual as autoridades policiais e militares devem se conduzir em relação às terras indígenas, uma das grandes preocupações dos militares na região.

"Terra indígena é terra brasileira.", declarou Jobim, ao lembrar que os índios são brasileiros e a prova disso é que eles estão presentes nas fileiras do Exército. "Isso mostra que o Brasil é amplo e tem lugar para todo mundo".

O ministro Jobim chegou a São Gabriel da Cachoeira, primeiro ponto dos sete dias de viagem a 20 unidades militares, a bordo do avião presidencial, o Aerolula. Na comitiva, todos brincavam que foi uma deferência de Lula à importância da viagem e à importância que dá à necessidade de fortalecer as fronteiras do País.

A comitiva de 50 pessoas que acompanha Jobim é maior do que alguns dos pelotões de fronteira que ele visitará, pois em vários deles trabalham apenas 35 militares. O ministro da Defesa estava acompanhado de sua mulher, Adriane Senna, que usava sandália melissinha cor-de-rosa, pintada de purpurina e se deliciava tirando fotos da região, ao lado de outros integrantes da comitiva, que inclui, ainda, cinco ministros do STJ, a maior parte deles com suas mulheres.

Fonte: Tribuna da Imprensa