Amazônia pode entrar em
ciclo de desmatamento e seca, diz estudo.
Pesquisa revela que desmatamento e seca são
fenômenos que se reforçam mutuamente na região. Ação humana e redução de chuvas
podem transformar floresta em savana.
Floresta Amazônica corre o risco de cair em um
círculo vicioso de seca e desmatamento provocado pela ação humana e pela
redução das precipitações na região, segundo um estudo publicado nesta
segunda-feira (13) na revista científica "Nature".
Baseada numa complexa e inovadora análise dos fluxos
de água, a pesquisa, liderada pela cientista Delphine Clara Zemp, do Instituto
de Pesquisa Climática de Potsdam (PIK), aprofunda a estreita relação existente
entre o desmatamento e a seca.
"Por um lado sabemos que a redução de
precipitações aumenta o risco de desmatamento e, por outro, este
desflorestamento pode intensificar a seca na região", afirmou Zemp.
"Por isso, quanto maior a seca, menor a
floresta, e quanto menor a floresta, maior a seca. E assim sucessivamente. As
consequências deste círculo vicioso entre as plantas e a atmosfera que as
rodeia não estão claras", acrescentou.
A pesquisadora destacou que o estudo
"proporciona mais luz sobre esta questão, sublinhando o risco de que o
desmatamento está diretamente relacionado à redução de precipitações".
Embora a média de chuvas não varie drasticamente, a extensão das secas afetará
a região que poderia se transformar numa savana, segundo as previsões lançadas
pela publicação
"Quanto maior a seca,
menor a floresta, e quanto menor a floresta, maior a seca. E assim
sucessivamente", Delphine Clara Zemp, pesquisadora
De acordo com o coautor do estudo Henrique Barbosa,
da Universidade de São Paulo (USP), o ciclo de água na Amazônia é extremamente
suscetível às mudanças ambientais.
"A ação humana está impondo perturbações
maciças no Amazonas, pela poda de árvores e pelos gases do efeito estufa que
reduzem a umidade e as precipitações, e acaba afetando até as partes
inexploradas da floresta", detalhou Barbosa.
Além disso, o estudo sustenta que uma das fortalezas
que tem a floresta para resistir a essa ameaça é a diversidade na vegetação.
"Como cada espécie reage de maneira diferente,
ter uma grande diversidade na vegetação pode significar que o ecossistema
resista melhor", afirmou Marina Hirota, da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), também coautora.
"Preservar a biodiversidade se transforma não
só numa questão de amar a natureza, mas num elemento estabilizador do sistema
terrestre", concluiu.
Postado por: Giovana M. de Araújo