Focos de calor cresceram 89% no Amazonas, afirma Inpe
Desde o início do ano,
foram registrados mais de 13 mil focos de calor na cidade forçando o
governo a decretar Situação de Emergência
Há 13 dias que Manaus está encoberta por uma densa nuvem de fumaça devido às queimadas urbanas e incêndios florestais
Há
pelo menos 13 dias, Manaus amanhece encoberta por uma densa nuvem de
fumaça oriunda de queimadas urbanas e incêndios florestais. E não é por
menos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
a incidência de focos de calor aumentou em torno de 89% este ano, no
Amazonas, em comparação com o ano passado. De janeiro a agosto, o Inpe
registrou 12.103 focos ativos em todo o Estado, 1.063 só no período de 1
a 13 deste mês.
Por
conta desta situação, o Governo do Estado decretou, ontem, Situação de
Emergência nos municípios de Manaus, Autazes, Caapiranga, Careiro,
Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Novo
Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva. A decisão, assinada
pelo governador José Melo, tem vigência de 90 dias e prevê que o governo
e as prefeituras executem medidas necessárias para minimizar as
ocorrências e os efeitos das queimadas na região.
Melo
destacou que as ações emergenciais de prevenção e controle a queimadas e
incêndios florestais, que vêm sendo realizadas pelo Grupo Estratégico
instalado no Estado, serão intensificadas. Além disso, serão criados o
Centro Integrado de Monitoramento Ambiental, formado pela Secretaria de
Estado do Meio Ambiente (Sema), Batalhão Ambiental, Corpo de Bombeiros,
Defesa Civil e as prefeituras municipais, além da Sala de Situação de
Controle e Monitoramento Ambiental, ambos funcionando na sede da Sema.
O
governador disse ainda que haverá duas frentes de atuação, uma
relacionada ao trabalho de conscientização, e a outra, a formação de
brigadistas. “Nós vamos utilizar a nossa estrutura da educação para
fazermos um trabalho pedagógico junto à população para que possamos
minorar a situação que estamos vivendo hoje e também construir uma
situação diferente para o futuro. Também vamos formar brigadistas para
ajudar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil no combate a esses focos de
incêndios”, revelou.
José
Melo salientou que o decreto de Situação de Emergência na capital e em
11 municípios do interior teve como base o parecer técnico elaborado
pela Sema, Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas e a Defesa Civil do
Estado, considerando vários fatores. Entre eles, os eventos
climatológicos de larga escala que teve como efeito negativo a redução
significativa da precipitação pluviométrica na região Amazônica, bem
como o aumento de focos de incêndio na região.
Ele
ressaltou que o fato tem ocasionado prejuízos de ordem econômica e
ambiental, além de impactar na saúde pública e nos planejamentos que os
municípios fizeram para superar a crise. “Esses municípios estão tendo
que destacar recurso de uma área para socorrer a questão da queimada.
Por isso, tivemos que baixar o decreto de Situação de Emergência, para
que os municípios possam ter esboço legal para tomar medidas emergentes e
excepcionais para podermos enfrentar esse combate as queimadas”,
salientou Melo.
Estiagem será mais prolongada
De
acordo com o Serviço de Meteorologia do Sistema de Vigilância da
Amazônia (Sivam/Sipam), as previsões indicam um prolongamento do período
de estiagem por mais três meses. Uma situação atípica provocada pelo
fenômeno El Niño, que atravessa o período da seca e deve se estender
também na estação chuvosa, conforme o chefe de meteorologia do Sipam,
Ricardo de La Rosa.
Ele
ressaltou que o El Ninõ criou as condições favoráveis para o aumento
das queimadas e é responsável pela seca que, de certa forma, torna mais
inflamável os materiais de queima. Inclusive, de acordo com o
meteorologista, há muito tempo não se via queimada dentro da floresta
amazônica. “Isso está acontecendo porque a base da floresta está muito
seca e cada vez mais propensa a queimadas”, revelou.
Ricardo
enfatizou que os efeitos climáticos provocados pelo El Niño devem
continuar até o início do próximo ano. Porém com menos intensidade.
Brigadistas
O
efetivo do Corpo de Bombeiros é de 736 homens, sendo que 170 estão
espalhados em cinco municípios do interior. Para atender a demanda de
todo o Estado, a corporação está formando 541 brigadistas de incêndio
florestal. Desde 2010, já foram formados 1.255, no Amazonas.
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