quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Focos de calor cresceram 89% no Amazonas, afirma Inpe

Desde o início do ano, foram registrados mais de 13 mil focos de calor na cidade forçando o governo a decretar Situação de Emergência

Há 13 dias que Manaus está encoberta por uma densa nuvem de fumaça devido às queimadas urbanas e incêndios florestais (Euzivaldo Queiroz )
Há 13 dias que Manaus está encoberta por uma densa nuvem de fumaça devido às queimadas urbanas e incêndios florestais
Há pelo menos 13 dias, Manaus amanhece encoberta por uma densa nuvem de fumaça oriunda de queimadas urbanas e incêndios florestais. E não é por menos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a incidência de focos de calor aumentou em torno de 89% este ano, no Amazonas, em comparação com o ano passado. De janeiro a agosto, o Inpe registrou 12.103 focos ativos em todo o Estado, 1.063 só no período de 1 a 13 deste mês.
Por conta desta situação, o Governo do Estado decretou, ontem, Situação de Emergência nos municípios de Manaus, Autazes, Caapiranga, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva. A decisão, assinada pelo governador José Melo, tem vigência de 90 dias e prevê que o governo e as prefeituras executem medidas necessárias para minimizar as ocorrências e os efeitos das queimadas na região.
Melo destacou que as ações emergenciais de prevenção e controle a queimadas e incêndios florestais, que vêm sendo realizadas pelo Grupo Estratégico instalado no Estado, serão intensificadas. Além disso, serão criados o Centro Integrado de Monitoramento Ambiental, formado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Batalhão Ambiental, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e as prefeituras municipais, além da Sala de Situação de Controle e Monitoramento Ambiental, ambos funcionando na sede da Sema.
O governador disse ainda que haverá duas frentes de atuação, uma relacionada ao trabalho de conscientização, e a outra, a formação de brigadistas. “Nós vamos utilizar a nossa estrutura da educação para fazermos um trabalho pedagógico junto à população para que possamos minorar a situação que estamos vivendo hoje e também construir uma situação diferente para o futuro. Também vamos formar brigadistas para ajudar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil no combate a esses focos de incêndios”, revelou.
José Melo salientou que o decreto de Situação de Emergência na capital e em 11 municípios do interior teve como base o parecer técnico elaborado pela Sema, Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas e a Defesa Civil do Estado, considerando vários fatores. Entre eles, os eventos climatológicos de larga escala que teve como efeito negativo a redução significativa da precipitação pluviométrica na região Amazônica, bem como o aumento de focos de incêndio na região.
Ele ressaltou que o fato tem ocasionado prejuízos de ordem econômica e ambiental, além de impactar na saúde pública e nos planejamentos que os municípios fizeram para superar a crise. “Esses municípios estão tendo que destacar recurso de uma área para socorrer a questão da queimada. Por isso, tivemos que baixar o decreto de Situação de Emergência, para que os municípios possam ter esboço legal para tomar medidas emergentes e excepcionais para podermos enfrentar esse combate as queimadas”, salientou Melo.
Estiagem será mais prolongada
De acordo com o Serviço de Meteorologia do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam/Sipam), as previsões indicam um prolongamento do período de estiagem por mais três meses. Uma situação atípica provocada pelo fenômeno El Niño, que atravessa o período da seca e deve se estender também na estação chuvosa, conforme o chefe de meteorologia do Sipam, Ricardo de La Rosa.
Ele ressaltou que o El Ninõ criou as condições favoráveis para o aumento das queimadas e é responsável pela seca que, de certa forma, torna mais inflamável os materiais de queima. Inclusive, de acordo com o meteorologista, há muito tempo não se via queimada dentro da floresta amazônica. “Isso está acontecendo porque a base da floresta está muito seca e cada vez mais propensa a queimadas”, revelou.
Ricardo enfatizou que os efeitos climáticos provocados pelo El Niño devem continuar até o início do próximo ano. Porém com menos intensidade.
Brigadistas
O efetivo do Corpo de Bombeiros é de 736 homens, sendo que 170 estão espalhados em cinco municípios do interior. Para atender a demanda de todo o Estado, a corporação está formando 541 brigadistas de incêndio florestal. Desde 2010, já foram formados 1.255, no Amazonas.

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